Quando você achava que o mundo do filme já tava saturado de Olympus mju vendida por peso de ouro no Mercado Livre… a Pentax dá um passo ousado (e nostálgico) e solta no mundo a Pentax 17, sua primeira câmera de filme em mais de 20 anos. Sim, é real. E sim, ela tem cara de brinquedo, mas com coração de verdade.
Ela é charmosa. Ela é simples. E ela faz fotos em pé. É isso mesmo: estamos falando de meio-quadro, aquele formato que usa só metade de cada fotograma 35mm. Resultado? O dobro de fotos por rolo. Um Kodak Gold 36 vira um Gold 72, e isso, meus amigos, é quase um milagre em tempos de filme a preço de fralda.
Mas vamos por partes.
Meio-quadro é só um hype?
Na real, não. O formato half-frame sempre teve seu nicho (quem lembra da Olympus Pen), mas nos últimos anos vem ganhando um novo apelo: você economiza filme e ganha liberdade criativa. As fotos saem no formato retrato por padrão, o que pra muita gente é esquisito — até você perceber que 90% das fotos que a gente vê hoje em dia (no celular, no Insta, nos stories) também são verticais. Se preferir, pensa em capa de revista, é vertical.
Então não, não é um bug. É um feature. E é uma baita oportunidade de pensar diferente.
A vibe da Pentax 17
Ela é uma câmera nova, feita do zero em 2024, mas com jeitão de coisa boa dos anos 90. O corpo é compacto e sólido, o visual lembra uma mistura de brinquedo de adulto com câmera de tiozão em viagem pra Serra Gaúcha. Mas de um jeito bom.
A lente fixa é uma 25mm f/3.5, com tratamento HD pra segurar reflexos. Ela é nítida sem ser clínica. As fotos têm uma leve vinheta, um contraste bonito, e aquele “quê” analógico que a gente ama — e que os apps ainda estão tentando simular.
O foco é por zonas (tipo os ícones das antigas: montanha, retrato, grupinho de pessoas…), e o visor mostra as marcações pra você escolher certinho. Parece coisa de câmera infantil, mas funciona bem e te deixa fotografar rápido, sem drama.
Experiência 100% analógica
Nada de LCD, nada de Wi-Fi. Você avança o filme na manivela, rebobina na mão, e se quiser uma longa exposição, tem o bom e velho modo Bulb. Além disso, a Pentax 17 tem modos de disparo que vão do automático completo até sincronização lenta com flash — ótimo pra quem curte aquela estética noturna anos 80.
E sim, ela tem hot shoe pra flash externo. Já dá pra imaginar os rolês noturnos com ISO 800 e uma latinha de cerveja na mão, né?
Quem vai curtir?
Se você já tem uma Nikon F3, sabe usar fotômetro de mão e jura amor eterno ao Spotmatic, talvez ache a Pentax 17 básica demais.
Mas se você quer sair de casa pra curtir o rolê, fotografar sem carregar um trambolho no pescoço, testar ideias, fazer dupla exposição, sequências lado a lado no scanner… essa câmera é uma delícia. Ela te convida a brincar, experimentar, errar — e fazer isso tudo sem gastar três rolos por saída.
É quase como redescobrir por que a gente se apaixonou pela fotografia analógica lá no começo.
Vale a pena?
Lá fora, ela tá saindo por US$ 499. Aqui no Brasil, claro, a realidade é outra — mas ainda assim, quando você olha o preço que cobram por uma compacta dos anos 90 com lente suja e visor com fungo… a Pentax 17 começa a parecer bem honesta.
Ela não quer competir com Leica, nem ser a câmera definitiva da sua vida. Mas quer ser aquela companheira leve, pronta pra qualquer parada, e com uma estética que entrega exatamente o que promete: fotos bonitas, com alma, feitas no seu tempo.
Se a sua vibe é mais “curtir o processo” do que caçar megapixel, essa câmera é puro amor.
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